quarta-feira, 30 de junho de 2010

A revolta da armada


A perspectiva da sucessão presidencial se associou à revolução federalista para agitar novamente as forças armadas. A Marinha vivia em constante estado de insatisfação. Após a queda de Deodoro, o Contra-Almirante Custódio José de Mello pretendia suceder Floriano Peixoto. As divergências quanto ao tratamento dado à revolução federalista levaram-no a renunciar ao ministério. O clube Naval, por sua vez, elegeu como seu presidente o almirante e senador Eduardo Wandelkolk, ferrenho opositor de Floriano.
Wandelkolk tentou atacar, sem sucesso, o porto do Rio Grande, em auxílio aos federalistas em julho de 1893. Foi aprisionado e levado à Fortaleza Santa Cruz. A Marinha viu o ato como uma ofensa à corporação, mobilizando os seus oficiais para a revolta. Receberam o apoio de monarquistas, deodoristas, federalistas e das oposições em alguns estados. O veto à lei declarando inelegível o vice-presidente do quatriênio anterior confirmou as suspeitas de continuísmo. No dia 6 de setembro de 1893, o almirante Custódio José de Mello içou a bandeira branca da revolta no encouraçado Aquidabá, prometendo restaurar o império da constituição. Os revoltosos dominaram o porto e, no dia 13, começou o bombardeio da cidade do Rio de Janeiro.
O governo, contando com o Exército, com São Paulo e com a adesão popular, logo se organizou para a reação. O manifesto de tendência ajudou a mobilizar civis e militares. Os revoltosos abriram novas frentes de luta no sul do país, tomando o porto de Desterro, atual Florianópolis. A contra-ofensiva do governo foi violenta, incluindo decretação de estado de sítio, censura da imprensa, prisão de suspeitos e formação de uma nova esquadra.
Os rebeldes não conseguiram apoio em outras unidades da federação e sofreram derrotas. Impossibilitados de sair para o alto mar, e vendo negadas suas propostas de acordo, Saldanha da Gama e 525 companheiros se asilaram em navios portugueses. Daí foram para a Argentina e Uruguai, onde se reuniram como os federalistas e tramaram nova invasão. No Paraná e em Santa Catarina, Moreira César promovia perseguições e vinganças que terminaram em fuzilamentos e assassinatos. Em junho de 1895, Saldanha da Gama morreu na guerra do Rio Grande do Sul.
Em 1894, os legalistas infligiram sérias derrotas aos revoltados em Santa Catarina e na Campanha, culminando com a morte de Gumercindo. Sua tumba foi descoberta e seu cadáver mutilado. Os rebeldes recuaram para o Uruguai e Argentina a fim de se reorganizar. Após algumas incursões, tentaram nova invasão, sob o comando de Saldanha da Gama e Joca Tavares. Os revoltosos federalistas e da Marinha foram derrotados em junho de 1895.

Fonte: Enciclopédia de História do Brasil

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