Manifestação tardia do espírito português de cruzada em África, desaparecia na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, o jovem rei de Portugal, D. Sebastião, sem deixar herdeiros diretos. Contornada a crise dinástica com a ascensão ao trono de seu tio, o idoso cardeal D. Henrique, a morte deste, dois anos depois, veio recolocá-la novamente, com toda a força.
Dentre os principais pretendentes, D. Antônio, prior do Crato, contava com a simpatia de poucos setores influentes. Diante das dificuldades de manter o império do Oriente e da carência de metais preciosos, a maior parte da nobreza e dos comerciantes de grande porte preferiu apoiar as pretensões do rei de Espanha, Felipe II (1527-1598). Após subornos e a invasão do reino pelas tropas espanholas, desmantelando a resistência de D. Antônio, aquele foi aclamado rei de Portugal, nas cortes de Tomar (1581), com o nome Felipe I.
Proclamado um indulto geral, o novo soberano definiu a situação de Portugal em um documento com 25 capítulos de 1582. Mantinham-se os direitos e costumes portugueses, inclusive a cunhagem de moeda própria e o uso da língua. Os funcionários, dentre os quais o vice-rei ou governador, que ficaria à testa do reino, permaneceriam sendo portugueses. Um Conselho de Portugal passaria a integrar a administração espanhola. Os tratos da Índia e da Guiné continuariam em mãos lusitanas, mas franqueava-se o comércio entre Espanha e Portugal.
Esta última medida, cujo objetivo era o de facilitar o ingresso no reino da prata que a Espanha obtinha em abundância na América, teve importantes conseqüências no Brasil. Ela facilitou o acesso dos colonos à praça de Buenos Aires, um dos pontos de escoamento do precioso metal, por contrabando com a região do Peru. Foi com base nesse comércio que tomou impulso a cidade do Rio de Janeiro. Por outro lado, tornou sem muito efeito a linha divisória entre os territórios americanos das duas Coroas, estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas (1494), estimulando a penetração em direção ao interior dos colonos portugueses no sul do Brasil e na Amazônia.
Entretanto, a União Ibérica também trouxe problemas para os domínios portugueses, em decorrência do intricado tabuleiro diplomático europeu dessa época. Ao alinhar-se com a Espanha, Portugal identificou-se com a política dos Habsburgos (dinastia reinante na Espanha e na Áustria), e adquiriu como inimigos a França e os demais países aliados, com os quais esta procurava garantir o equilíbrio da Europa. Essa situação conduziu à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), de dimensões continentais, que marcou o surgimento do sistema diplomático europeu moderno.
Dentre os aliados da França, encontravam-se os Países Baixos do norte, liderados pela Holanda, em guerra com a Espanha para ter formalmente reconhecida a independência alcançada na prática entre 1581 e 1585. Dessa forma, enriquecida pelo comércio oceânico mundial, a Holanda logo identificou as possessões portuguesas na América e no Oriente como um alvo privilegiado para retaliações. O resultado foi a concorrência holandesa aos portugueses no oceano Índico e as invasões, em 1624 e 1630, da Bahia e de Pernambuco.
Dentre os principais pretendentes, D. Antônio, prior do Crato, contava com a simpatia de poucos setores influentes. Diante das dificuldades de manter o império do Oriente e da carência de metais preciosos, a maior parte da nobreza e dos comerciantes de grande porte preferiu apoiar as pretensões do rei de Espanha, Felipe II (1527-1598). Após subornos e a invasão do reino pelas tropas espanholas, desmantelando a resistência de D. Antônio, aquele foi aclamado rei de Portugal, nas cortes de Tomar (1581), com o nome Felipe I.
Proclamado um indulto geral, o novo soberano definiu a situação de Portugal em um documento com 25 capítulos de 1582. Mantinham-se os direitos e costumes portugueses, inclusive a cunhagem de moeda própria e o uso da língua. Os funcionários, dentre os quais o vice-rei ou governador, que ficaria à testa do reino, permaneceriam sendo portugueses. Um Conselho de Portugal passaria a integrar a administração espanhola. Os tratos da Índia e da Guiné continuariam em mãos lusitanas, mas franqueava-se o comércio entre Espanha e Portugal.
Esta última medida, cujo objetivo era o de facilitar o ingresso no reino da prata que a Espanha obtinha em abundância na América, teve importantes conseqüências no Brasil. Ela facilitou o acesso dos colonos à praça de Buenos Aires, um dos pontos de escoamento do precioso metal, por contrabando com a região do Peru. Foi com base nesse comércio que tomou impulso a cidade do Rio de Janeiro. Por outro lado, tornou sem muito efeito a linha divisória entre os territórios americanos das duas Coroas, estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas (1494), estimulando a penetração em direção ao interior dos colonos portugueses no sul do Brasil e na Amazônia.
Entretanto, a União Ibérica também trouxe problemas para os domínios portugueses, em decorrência do intricado tabuleiro diplomático europeu dessa época. Ao alinhar-se com a Espanha, Portugal identificou-se com a política dos Habsburgos (dinastia reinante na Espanha e na Áustria), e adquiriu como inimigos a França e os demais países aliados, com os quais esta procurava garantir o equilíbrio da Europa. Essa situação conduziu à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), de dimensões continentais, que marcou o surgimento do sistema diplomático europeu moderno.
Dentre os aliados da França, encontravam-se os Países Baixos do norte, liderados pela Holanda, em guerra com a Espanha para ter formalmente reconhecida a independência alcançada na prática entre 1581 e 1585. Dessa forma, enriquecida pelo comércio oceânico mundial, a Holanda logo identificou as possessões portuguesas na América e no Oriente como um alvo privilegiado para retaliações. O resultado foi a concorrência holandesa aos portugueses no oceano Índico e as invasões, em 1624 e 1630, da Bahia e de Pernambuco.
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